14/01/2013

A vergonha do Homem!



Faces ruborizadas me receberam na chegada!
Elas não me espanta, na verdade me confortam. Sei que não sabem deste vermelho vergonhoso que lhes coram o semblante, mas para mim é mais do que perceptível!
O homem nada mais é do que vergonha seguida de vergonha!
É uma tarefa muito pesada para nossos ombros, carregar a herança que os tempos do homem nos oferecem!
Herdamos demasiadas vergonhas pelos processos da nossa “evolução”!
Fizemos coisas terríveis para chegarmos aqui e agora, que aqui estamos, nos envergonhamos de tudo que fizemos!
Vergonhas que não assumimos, não reconhecemos, mas que vivem no nosso intimo!
Quantos de nós não desejam sair correndo antes de serem reconhecidos?
Quantos não se lamentam de decisões que tomaram e/ou não tomaram?

Não existe nobreza no homem, o que ocupa o seu lugar é na verdade uma infinita tentativa de se justificar!
Muitos desejam serem castigados, punidos e renegados pelo que fazem!
Muitos não aceitam o que lhes fazem e mesmo quando é algo necessário que lhes oferecem, enchem-se de ira por saberem que precisaram de outrem para serem o que gostariam de ser!
A incapacidade de se alto-ser é o que faz do homem uma grande vergonha!

Vejo homens transbordando o desejo de vingança por terem sido beneficiados por um favor que de imediato agradeceram, mas que depois de ponderarem sobre os resultados, sentiram-se tomados pela frustração de terem uma divida a pagar!
No mesmo instante em que se apresentam como humildes e aceitam as ofertas dos bem feitores, tornam-se mesquinhos por pensarem que são vistos como não suficientes por aqueles que tentam lhes ajudar. Ao mesmo tempo, os que ajudam sentem-se superiores em um momento ou outro por terem o que oferecer e pela falsa iniciativa altruísta, oferecem seus favores para sentirem-se melhores, sendo que passado o leve prazer de ajudar, enchem-se de orgulho por serem mais do que quem recebeu seus favores!

Vejo o homem sendo injusto com aqueles que não lhe são importantes, enquanto aqueles que lhe causam algum descontentamento recebem apenas a antipaia que nada pode causar além de aparências!
Vejo homens esforçando-se para serem compreendidos por sua transparência sem compreenderem que se expor demais é perigoso, pois quando sabemos demais é difícil manter o silêncio!

Vejo-os me encarando ao chegar, como se soubessem o que se esconde dentro desse casulo que lhes apresento!
Encaram-me com um olhar curioso e destemido, pois ao mesmo tempo que não me conhecem, não são temerosos ao que pensam ver!
A simplicidade causa sim a curiosidade, mas o medo quem causa é o mistério!
Não existe mistério em mim. Sou o que aparento ser, um homem simples chegando!
No entanto, sei que se aqui permanecer tempo suficiente para que me conheçam, tornarei um mistério para estes olhares curiosos e talvez sintam medo!
Eu sei que ao descobrirem que eu conheço a vergonha que escondem no travesseiro antes de dormir, verão em mim alguém capaz de julgá-los, e não será isso que lhes causará medo, pois o orgulho lhes impede deste tipo de medo, afinal quem sou eu para julgar um semelhante?
O medo virá quando eu não julgar!
E eu não irei!

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