07/01/2013

E no meu caminho...



Depois de alguns dias de caminhada, avistei uma bifurcação no meu caminho!
Ambos os caminhos me eram desconhecidos e nem mesmo as placas me informavam verdadeiramente! Setas indicando a direção de um endereço não dizem muitas coisas, dizem-nos apenas onde se encontra um lugar, mas não diz o que encontraremos lá!
Aceitei então o pensamento de repousar nas margens desta divisão e ponderar os ventos que cada lado me oferecia!
Sentei-me a sombra de uma árvore, fiz brilhar a minha lâmina e desnudei uma laranja.
Frutos magníficos são as laranjas, às vezes vestidas com uma pele lisa, noutras com uma porosa casaca de si mesma. Sempre ácidas no seu despir e sempre pálidas ao apresentar suas carnes. Logo nos primeiros beijos um doce característico me escorria boca à dentro.
Sentado naquela sombra, bebendo desse fruto, me maravilhei com as inúmeras sementes do fruto que me permitia o prazer. Tantas sementes neste fruto, tantas sombras nestas sementes e tantos outros frutos em cada uma delas! A natureza é majestosa em seus processos!
Um pouco mais tarde, enquanto ainda contemplava a natureza e seus presentes, vi um viajante surgir do caminho a esquerda.
Ele trajava vestes de gala, muitos brilhantes, cabelo impecável, pele límpida e um olhar altivo. Parecia-me alguém de muitas posses, seu caminhar era majestoso.
Ao ver-me sentado no solo fresco, pareceu-me espantado, como se suspeitasse da minha presença ou da minha pessoa. Ofereci-lhe um cordial bom dia e ele me respondeu acanhadamente!
Quis saber o que havia no caminho em que ele abandonava e nada foi me dito. Continuou sua jornada como se eu nada tivesse questionado.
Certamente era um homem de muitas posses, a riqueza limita a cordialidade com pessoas que aparenta inferioridade de status. Sei bem a aparência que tenho agora, mas também sei que não poderia apresentar-me de modo diferente, tudo que tenho é o que me oferta o mundo, ar nos meus pulmões, força nas minhas pernas e um caminho para meus passos!
Lembrei-me dos muitos nobres que vi, de como se admiravam com a maestria do meu domador e seu chicote, como se sentiam satisfeitos de assistirem a submissão de um ser à outro!
Enquanto eu ainda me apiedava dos nobres e ignorantes que me observavam anteriormente, avistei um outro viajante, desta vez no caminho da direita.
Era um homem comum, levando apenas o que precisava levar, com vestes confortáveis e sem brilho. Um olhar leve e brando. Este me ofereceu sua cordialidade antes que eu lhe oferecesse a minha e ainda questionou-me se eu precisava de algum auxilio!
Respondi que bastava que me informasse o que havia no caminho que deixava para trás e em resposta ele me disse que no fim daquela estrada morava o mundo e que no caminho haviam muitos outros mundos!
Como se ele também estivesse a procura de algo novo, quis saber o que eu deixava para trás nos caminhos de onde vim. Ao ouvir o que eu contei, achou melhor enveredar-se pela floresta e perdeu-se mata à dentro!
Eu teria feito o mesmo!
Aprontei minha magra bagagem e sai rumo aos mundos do mundo!
Logo antes do primeiro passo no meu novo caminho, vi um grupo de outros homens surgirem do caminho a esquerda. Eles pareciam preocupados, com seus olhares investigativos e sem a menor cerimônia perguntaram-me se eu havia visto um homem rico passar por ali.
 Quando eu disse que sim, suas pupilas se iluminaram de esperança e com pressa me questionaram sobre a direção que tal viajante havia tomado.
Então lhes disse que fazia pouco tempo que ele havia passado e que para dentro da floresta ele se direcionado.
Eu os assisti correr e fiz valer meus passos curiosos no caminho do novo mundo!          

2 comentários:

  1. Muito bom meu caro... gostei principalmente de tu não ter acrescentado o famoso "moral da história"... gosto de ter minha própria visão das coisas sem que tentem me sugestionar algo!
    Parabéns!

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  2. Fico satisfeito com vossa satisfação!
    Eis um elogio de grande valia para mim! Obrigado!

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